segunda-feira, 15 de março de 2010

Há neve no meu jardim

Eram 7h30 de domingo e pensei que o sono ainda não tinha abandonado os meus olhos. Esfreguei-os, certa de que aquilo ia passar. Mas não passou. Continuava a ver a neve bem branquinha lá fora, cobrindo o relvado outrora verde do meu jardim. Abri a janela e saí para a rua. Tudo branco.
Ao fundo do jardim estava o Inverno. Esta pode parecer uma frase poética, mas não é. Inverno é o nome do nosso cão, um huski que oferecemos à Camila e que às vezes tem alguns... problemas de comportamento. Estava com aqueles olhos arregalados e aquela corrida algo hesitante de quem tem um peso na consciência (sim, os cães tabém têm disso). Desta vez não tinha arrancado plantas, nem cavado buracos no jardim, nem enterrado as meias deixadas no estendal, nem roído ferramentas preciosas. Tinha simplesmente rasgado uma almofada cujo conteúdo de penas estava uniformemente espalhado pelo relvado, em leves camadas.
"Bem, pelo menos desta vez foi original", pensei alguns segundos depois de deitar as mãos à cabeça. Agarrei numa vassoura e num saco de plástico e comecei a varrer as penas em montinhos e a apanhá-las. O Inverno achou isto engraçado e começou a pular à minha volta, espalhando-as ainda mais. Dali a pouco começou a levantar-se vento e pensei na cara dos meus vizinhos que, olhando pela janela, estivessem a ver milhares de penas a voar erraticamente, como flocos de neve. Que forma divertida de começar o dia! Mas não tão divertida como a do António que, tendo-se levantado um pouco mais tarde que eu, entrou na cozinha e pensou que eu estava a "lavar o relvado com detergente e uma esfregona". Às vezes não sei o que é mais preocupante: ele já ter chegado à fase em que me julga capaz de lavar o relvado, ou as coisas verdadeiramente estranhas que de facto acontecem lá em casa.

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